quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

COMO FOI SUA VIDA NO ÚTERO?

Publicado por Biologia da Crença

Você era um complexo, pequena criatura que tinha uma vida antes do nascimento no ventre que influenciou profundamente sua saúde e comportamento a longo prazo: "A qualidade de vida no útero, o nosso lar temporário antes de nascermos, vai programar nossa suscetibilidade à doenças coronárias arteriais, acidente vascular cerebral, diabetes, obesidade e uma infinidade de outras condições, mais tarde na vida ", escreve o Dr. Peter W. Nathanielsz em Life in the Womb: The Origin of Health and Disease . [Nathanielsz 1999]

Recentemente, uma gama ainda maior de doenças crônicas relacionadas com adultos, incluindo osteoporose, distúrbios de humor e psicoses, foram intimamente ligadas à pré-influências do desenvolvimento perinatal. [Gluckman e Hanson de 2004] Reconhecendo o papel do ambiente pré-natal desempenha na criação de doença, forçando uma reconsideração do determinismo genético.

Nathanielsz escreve: "Há evidências crescentes de que a programação do tempo de vida de saúde, igualmente às condições no útero, são tão importantes, quanto nossos genes, para determinar como executamos mentalmente e fisicamente durante a vida. Com a compreensão dos mecanismos subjacentes a programação com a qualidade de vida no útero, podemos melhorar o início em vida para os nossos filhos.

" A programação "mecanismos",  como diz Nathanielsz, se refere aos mecanismos epigenéticos, discutidos anteriormente, pelo qual os estímulos ambientais regulam a atividade dos genes. Como Nathanielsz afirma, os pais podem melhorar o ambiente de pré-natal. Ao fazê-lo, eles agem como engenheiros genéticos para seus filhos. A idéia de que os pais podem transmitir as alterações hereditárias de sua vida para seus filhos é, naturalmente, um conceito Lamarckian que entra em conflito com o darwinismo.

Nathanielsz diz: "... a passagem transgeracional de características por meio nongenetic ocorre. Lamarck estava certo, embora a transmissão transgeracional de características adquiridas ocorre por mecanismos que eram desconhecidas atualmente." A capacidade de resposta dos indivíduos às condições ambientais percebidas por suas mães antes do nascimento, lhes permite optimizar o seu desenvolvimento genético e fisiológico, que se adaptam à previsão ambiental. 

Referências: Gluckman, PD e MA Hanson (2004). "Vivendo com o Passado: Evolution, Desenvolvimento e padrões de doença." Ciência 305: 1733-1736. Nathanielsz, PW (1999). Vida no útero: A Origem de saúde e doença. Ithaca, NY, Promethean Press.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Parto Normal Hospitalar x OMS

Você conhece as recomendações da OMS para o parto normal?

Criado em 29/09/14 07h29 e atualizado em 29/09/14 11h59
Por Adriana Franzin

Parto
Parto (US Army Africa/ Creative Commons)
Logo ao entrar na maternidade em trabalho de parto, a mulher tem as veias puncionadas para a introdução de soro ou medicamentos. O soro é para hidratar e alimentar, já que a parturiente é impedida de beber ou comer. Em seguida, na triagem, é feito o exame de toque para medir a dilatação. O exame é repetido a cada hora. Se o andamento não segue de acordo com o esperado, injeta-se a ocitocina sintética (hormônio que provoca as contrações), estoura-se a bolsa amniótica manualmente e são feitas massagens de distenção do períneo. No momento do expulsivo, a mulher é colocada deitada, de costas, em posição ginecológica. É orientada a fazer força continuamente. A episiotomia (corte na região genital) é realizada. Assim que a cabeça nasce, o bebê é puxado, levado para longe da mãe para ser aspirado e limpo.

Essa é a rotina de um parto vaginal nos hospitais do Brasil. No entanto, os procedimentos considerados padrão aqui estão longe das evidências científicas e das recomendações da própria Organização Mundial da Saúde.  Conhecê-las é fundamental para a elaboração de um plano de parto coerente com a intenção de prover o melhor para a mãe e para o bebê.
Segundo a OMS:
Condutas que são claramente úteis e que deveriam ser encorajadas
- Plano individual determinando onde e por quem o parto será realizado, feito em conjunto com a mulher durante a gestação, e comunicado a seu marido/ companheiro e, se aplicável, a sua família.
- Avaliar os fatores de risco da gravidez durante o cuidado pré-natal, reavaliado a cada contato com o sistema de saúde e no momento do primeiro contato com o prestador de serviços durante o trabalho de parto e parto.
- Monitorar o bem-estar físico e emocional da mulher ao longo do trabalho de parto e parto, assim como ao término do processo do nascimento.
- Oferecer líquidos por via oral durante o trabalho de parto e parto.
- Respeitar a escolha da mãe sobre o local do parto, após ter recebido informações.
- Fornecimento de assistência obstétrica no nível mais periférico onde o parto for viável e seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante.
- Respeito ao direito da mulher à privacidade no local do parto.
- Apoio empático pelos prestadores de serviço durante o trabalho de parto e parto.
- Respeitar a escolha da mulher quanto ao acompanhante durante o trabalho de parto e parto.
- Oferecer às mulheres todas as informações e explicações  que desejarem.
- Não utilizar métodos invasivos nem métodos farmacológicos para alívio da dor durante o trabalho de parto e parto e sim métodos como massagem e técnicas de relaxamento.
- Fazer monitorização fetal com ausculta intermitente.
- Usar materiais descartáveis ou realizar desinfeção apropriada de materiais reutilizáveis ao longo do trabalho de parto e parto.
- Usar luvas no exame vaginal, durante o nascimento do bebê e na dequitação (expulsão) da placenta.
- Liberdade de posição e movimento durante o trabalho do parto.
- Estímulo a posições não supinas (deitadas) durante o trabalho de parto e parto.
- Monitorar cuidadosamente o progresso do trabalho do parto, por exemplo pelo uso do partograma da OMS.
- Utilizar ocitocina (hormônio que provoca as contrações do útero) profilática na terceira fase do trabalho de parto em mulheres com um risco de hemorragia pós-parto, ou que correm perigo em consequência de uma pequena perda de sangue.
- Esterilizar adequadamente o corte do cordão.
- Prevenir hipotermia (baixa temperatura) do bebê.
- Realizar precocemente contato pele a pele, entre mãe e filho, dando apoio ao início da amamentação na primeira hora do pós-parto, conforme diretrizes da OMS sobre o aleitamento materno.
- Examinar rotineiramente a placenta e as membranas.
Condutas claramente prejudiciais ou ineficazes e que deveriam ser eliminadas
- Uso rotineiro de enema (lavagem intestinal).
- Uso rotineiro de raspagem dos pelos púbicos.
- Infusão intravenosa rotineira em trabalho de parto.
- Inserção profilática rotineira de cânula intravenosa.
- Uso rotineiro da posição supina (deitada) durante o trabalho de parto.
- Exame retal.
- Uso de pelvimetria radiográfica (radiografia da pelve).
- Administração de ocitócicos (ocitocina ou derivados) a qualquer hora antes do parto de tal modo que o efeito delas não possa ser controlado.
- Uso rotineiro da posição de litotomia (posição ginecológica, deitada com as pernas elevadas por apoios) com ou sem estribos durante o trabalho de parto e parto.
- Esforços de puxo prolongados e dirigidos (manobra de Valsalva) durante o período expulsivo.
- Massagens ou distensão do períneo durante o parto.
- Uso de tabletes orais de ergometrina (medicamento que provoca a contração do útero) na dequitação para prevenir ou controlar hemorragias.
- Uso rotineiro de ergometrina parenteral na dequitação (expulsão da placenta).
- Lavagem rotineira do útero depois do parto.
- Revisão rotineira (exploração manual) do útero depois do parto.

Condutas frequentemente utilizadas de forma inapropriadas
- Método não farmacológico de alívio da dor durante o trabalho de parto, como ervas, imersão em água e estimulação nervosa.
- Uso rotineiro de amniotomia precoce (romper a bolsa d’água) durante o início do trabalho de parto.
- Pressão no fundo uterino durante o trabalho de parto e parto.
- Manobras relacionadas à proteção ao períneo e ao manejo do polo cefálico no momento do parto.
- Manipulação ativa do feto no momento de nascimento.
- Utilização de ocitocina rotineira, tração controlada do cordão ou combinação de ambas durante a dequitação.
- Clampeamento (uso de grampo para interromper o fluxo sanguíneo) precoce do cordão umbilical.
- Estimulação do mamilo para aumentar contrações uterinas durante a dequitação.
Condutas frequentemente utilizadas de modo inadequado
- Restrição de comida e líquidos durante o trabalho de parto.
- Controle da dor por agentes sistêmicos.
- Controle da dor através de analgesia (anestesia) peridural.
- Monitoramento eletrônico fetal
- Utilização de máscaras e aventais estéreis durante o atendimento ao parto.
- Exames vaginais freqüentes e repetidos especialmente por mais de um prestador de serviços.
- Correção da dinâmica com a utilização de ocitocina.
- Transferência rotineira da parturiente para outra sala no início do segundo estágio do trabalho de parto.
- Cateterização (introdução de sonda) da bexiga.
- Estímulo para o puxo quando se diagnostica dilatação cervical completa ou quase completa, antes que a própria mulher sinta o puxo involuntário.
- Adesão rígida a uma duração estipulada do segundo estágio do trabalho de parto, como por exemplo uma hora, se as condições maternas e do feto forem boas e se houver progresso do trabalho de parto.
- Parto operatório (cesariana).
- Uso liberal ou rotineiro de episiotomia (corte na região vaginal).
- Exploração manual do útero depois do parto.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

"Estudando distocia de ombro"

 Resumo
Distocia de ombro é um evento imprevisível e profissionais habilitados para assistir ao parto devem estar capacitados para diagnosticar e instituir manobras efetivas para sua resolução. Essas manobras têm por objetivo aumentar a pelve funcional, reduzir o diâmetro biacromial e melhorar a relação feto-pélvica, facilitando o desprendimento do concepto dentro de sete minutos do diagnóstico, para prevenir complicações. Vários algoritmos têm sido propostos, com o desenvolvimento de mnemônicos para treinamento profissional, sendo o mais famoso o do Advanced Life Support in Obstetrics (ALSO), conhecido como HELPERR (em inglês) ou ALEERTA (em português). No entanto, estes são úteis quando a parturiente se encontra em decúbito dorsal. Propõe-se um novo protocolo, considerando os benefícios associados aos partos em posição não supina e a necessidade de iniciar a conduta das manobras menos para as mais invasivas. O mnemônico proposto é A SAIDA e consiste em: A = chamar ajuda, avisar parturiente, aumentar agachamento; S = pressão suprapúbica; A = alterar posição para quatro apoios (manobra de Gaskin); I = manobras internas (Rubin II, Wood, parafuso invertido); D = desprender ombro posterior; A = avaliar manobras de resgate. Com as três primeiras manobras, os autores têm observado sucesso em mais de 90% dos casos.
Para acessar a versão completa do estudo original publicado na Revista Femina em 2013, clique no link*: (acesse na fonte abaixo)
*Artigo sobre Distocia de Ombro para FEMINA 2013
Esse artigo deve ser citado como:
Amorim MM, Duarte AC, Andreucci CB, Knobel R, Soligo-Takemoto ML. Distocia de ombro: proposta de um novo algorítmo para conduta em partos em posições não supinas. Femina 2013; 4 (3): 115-124.
Estudando distocia de ombro: com Ana Cristina Duarte, Carla Polido, Roxana Knobel e Maíra Libertad
Distocia de ombro: proposta de um novo algorítmo para conduta em partos em posições não supinas
Autoras:
Melania Maria Ramos de Amorim
Ana Cristina Duarte
Carla Betina Andreucci
Roxana Knobel
Maíra Libertad Soligo Takemoto
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* Clique abaixo para o artigo na íntegra..
Fonte: http://estudamelania.blogspot.com.br/…/estudando-distocia-d…
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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Hormônios do parto

 
Historicamente mães se ISOLAM para parir.

Isso significa que elas instintivamente NÃO gostam de se sentir observadas na mesma proporção que um mulher em estado pré-orgásmico não gosta de responder perguntas:


"você quer um copo de água, meu bem?"


Durante o trabalho de parto o neocortex (parte do cérebro ligado à linguagem) diminui muitíssimo sua atividade e a parte primitiva do cérebro é ativada. Antigamente parteiras faziam tricot enquanto o trabalho de parto evoluía. Atividades repetitivas e um ambiente tranquilo auxiliam um neocortex aquietado e um cérebro primitivo prevalecente.


(você não precisa aprender a fazer tricot)
(você precisa silenciar a lógica)


Hormônios do parto são irmãs benfazejas que circulam no corpo da parturiente, em cascatas generosas, ondas calorosas, fazendo com que a experiência seja aproveitável.


Um pouco sobre cada um:

Prostaglandina =  também presente no semen masculino e é a responsável por amaciar o colo do utero.


(namorar é bom indutor natural de trabalho de parto)
(trabalhos de parto só acontecem quando bebê ESTÁ pronto. induções naturais são apenas um empurrãozinho no sistema fisiológico/emocional da parturiente QUANDO necessário)
(cada caso um caso)


Ocitocina = hormônio do AMOR presente quando fazemos uma refeição com alguém, nos apaixonamos, durante o orgasmo, durante a amamentação, durante as contrações e tem seu climax em vida logo após o parto do bebê. É produzido no hipotálamo (importante centro no cérebro, da expressão emocional e comportamento sexual), é liberado em ondas e induz o comportamento materno.

Endorfina = presente na atividade física, nos habilita a lidar com a dor, reduz o stress, induz o prazer e a euforia, causa "dependência", é contagioso. a beleza induz endorfina.


(um ambiente agradável como se fosse nossa casa  + mover-se se sentir vontade + estar acompanhada de pessoas amorosas = corrente de endorfina)


Melatonina = hormônio do escuro liberado em nosso corpo à noite  (a maioria dos trabalhos de parto começa à noite!) e auxilia a reduzir atividade do neocortex.


(diminuição da luz no ambiente do trabalho de parto é uma providência um TANTO inteligente)


Prolactina = seu nível aumenta na gravidez e reduz no TRABALHO de parto, tem seu auge na hora do PARTO (nascimento)do bebê , produz comportamento de proteção e instinto materno (as necessidades do bb vêm em primeiro lugar). é quem promove a lactação.


(a prolactina, para que a mãe se conecte com sua potência lactante e materna e produza amor liquido pelas mamas)


Catecholaminas = (adrenalina e noradrenalina) reduz volume sanguíneo dos órgãos vitais (ÚTERO É UM ÓRGÃO VITAL) e aumenta volume nas extremidades dos braços e pernas (para brigar ou fugir) e é  desencadeado pela FOME, MEDO e FRIO.


(comer durante o trabalho de parto e beber é minimizar adrenalinas)
(ambiente confortável, agradável e aquecido é minimizar adrenalinas)
(reduzir adrenalinas é deixar o útero em paz)


Em suma:
Medo causa aumento da dor.
Privacidade aumenta a atividade do cérebro primitivo.
Sensação de segurança aumenta a sensação de prazer.

Em suma 2:
Trabalho de parto é trabalho-de-amor-liquido-hormonal mamífero.